quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

As notícias de hoje, 24/01, são:

As notícias de hoje, 24/01, são:

Notícia - Crescimento do Crédito Imobiliário do Santander:
- Santander prevê crescimento de 50% na área de crédito imobiliário

Notícia - CEF:
- Caixa faz leilão de imóveis

Notícia - Criação do Fundo Garantidor Habitacional:
- Menos risco ao crédito: SindusCon comemora criação de fundo de habitação em SP


Notícia - Crescimento do Crédito Imobiliário do Santander:
Santander prevê crescimento de 50% na área de crédito imobiliário
Fernando Travaglini, de São Paulo - VALOR ECONÔMICO
O Santander encerrou o ano passado com a concessão de R$ 2 bilhões em financiamento imobiliário. O volume é o dobro das liberações do ano anterior. Em 2008, o banco espera conceder mais R$ 3 bilhões em empréstimos novos, para atingir um crescimento de 50%.
Apesar do forte crescimento das operações, acima da média registrada pelo mercado, a vice-presidente de negócios imobiliários do banco, Ana Isabel Pérez, diz que o volume ainda é modesto. "Ainda temos muito espaço para crescer", acredita.
Nem mesmo a atual crise que afeta o mercado americano de hipotecas e que pode levar os Estados Unidos para uma recessão deve alterar, num primeiro momento, a perspectiva positiva para o mercado habitacional brasileiro.
O Santander é um dos bancos mais agressivos no mercado de financiamento imobiliário. Foi o primeiro a estender o prazo para 30 anos e a realizar empréstimos prefixados. Quase metade da produção do banco no ano passado (44%) foi feita com empréstimos prefixados.
Boa parte dessa atitude se deve a própria estratégia mundial do banco, diz a vice-presidente do banco. "O crédito imobiliário é uma excelente ferramenta de fidelização e captação de clientes", explica. De fato, 60% da produção do banco em 2007 atendeu não correntistas.
Uma das apostas do banco para este ano são as parcerias com as construtoras. O banco tem acordos com Rodobens, Cyrella e Rossi. Somente por meio dessas parcerias, o Santander espera conceder R$ 5,2 bilhões nos próximos três anos.
"As incorporadoras e construtoras estão preparadas para crescer", diz Pérez. Além disso, os bancos estão pouco a pouco ocupando o lugar das incorporadoras no financiamento ao mutuário, completa.
O banco também pretende ampliar a atuação no segmento de baixa renda por meio de recursos do FGTS. O Santander aguarda a liberação da Caixa Econômica Federal para operar com recursos do fundo.
Segundo o superintendente de crédito imobiliário do Santander, José Manuel Alvarez Lopez, o segmento de mercado que atende famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos é o mais promissor. "Este é o grande mercado brasileiro", diz.
Ele reclama, no entanto, da diferença de tratamento em relação à Caixa. Isso porque, no segmento de renda mais alto atendida com recursos do FGTS, o chamado Pró-cotista, o fundo decidiu direcionar 70%, dos R$ 909 milhões, previstos para este ano, para a Caixa.
A vice-presidente de negócios imobiliários do Santander, Ana Isabel Pérez: crédito imobiliário é excelente ferramenta de fidelização e captação de clientes



Notícia - CEF:
Caixa faz leilão de imóveis
A Caixa Econômica Federal está leiloando imóveis com descontos de até 29,5% em todo o País. No Estado do Rio, são 2.785 unidades, sendo 984 por leilão e 1.801 em venda direta, ou seja, podem ser compradas sem concorrência. A maioria dos imóveis está ocupada. O valor mínimo é de R$ 4.860 e o máximo, de R$ 263.440. Uma vantagem é a possibilidade de usar o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Os juros variam de 5,5 % a 12% ao ano mais TR (Taxa Referencial). O prazo de financiamento chega a 30 anos. Um dos exemplos é um apartamento na Rua Barão de Bom Retiro, em Vila Isabel, que está desocupado, e custa R$ 86.775. Segundo a Caixa, há ofertas em quase todos os bairros da cidade, dentre eles: Campo Grande, Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Pavuna, Ilha do Governador, Vila Isabel, Penha e Engenho Novo.

Os interessados no leilão (concorrência pública) e na venda direta deverão pagar 5% de caução do menor valor do imóvel pretendido e encaminhar proposta conforme modelo-padrão, com o comprovante de pagamento. A caução é uma forma de garantia de que o interessado vai honrar o compromisso. Se não for contemplado, o dinheiro será devolvido.

A proposta mais vantajosa para a Caixa Econômica Federal será a vencedora.

A relação dos imóveis e o edital estão disponíveis no site www.caixa.gov.br. Além disso, há uma lista com o endereço das agências que têm corretores de plantão.

A Caixa orienta que, antes de fazer a proposta e pagar a caução, o interessado deve se dirigir à uma agência da instituição para aprovar seu crédito e verificar a possibilidade do uso do FGTS.

Crédito pode chegar a 100%

O financiamento no leilão e na venda direta pode chegar a 100% do valor do imóvel. Há também o empréstimo de até 80% para unidades avaliadas em no máximo R$ 80 mil, com taxa de juros de 5,5% a 8,16% ao ano mais TR. Nesse caso, o limite para a renda familiar é R$ 4.900. Esses financiamentos são com recursos do FGTS.

Segundo a Caixa, os imóveis são de sua propriedade, e a informação pode ser comprovada por certidões emitidas pelos cartórios de Registro de Imóveis. A maioria das unidades foi retomada pelo banco após a execução de contratos de inadimplentes. Há imóveis também nos municípios de Búzios, Cabo Frio, Petrópolis e outros.

Dicas na hora da compra

Os interessados na compra dos imóveis oferecidos pela Caixa devem verificar se a unidade escolhida está na Justiça. Nesse caso, é melhor buscar outra opção porque a retomada será bem mais demorada. É bom lembrar que, se a unidade estiver ocupada, a despesa será por conta do comprador.

No bairro de Tomás Coelho, por exemplo, na Rua Moacir de Almeida 219, bloco 4, há um apartamento desocupado. O valor de venda é de R$ 35.200. Outra opção é um imóvel em Jacarepaguá, na Rua São Calixto 563. O valor de avaliação da unidade é de R$ 57 mil e o de venda, de R$ 50.160.

Fonte: O Dia



Notícia - Criação do Fundo Garantidor Habitacional:
Menos risco ao crédito: SindusCon comemora criação de fundo de habitação em SP
O SindusCon-SP (Sindicato da Construção) comemorou a criação do Fundo Garantidor Habitacional (FGH), em que o Governo de São Paulo agirá como co-devedor dos agentes financeiros na aquisição da casa própria. De acordo com o sindicato, a iniciativa está em linha com a proposta do movimento "Moradia para Todos" de erradicar o déficit habitacional de mais de 8 milhões.

"O SindusCon-SP sempre sonhou com a possibilidade de acesso à moradia mediante a combinação de uma poupança do interessado, adicionada a um subsídio, possibilitando a complementação por um financiamento do mercado, sendo a produção de responsabilidade do setor privado. Faz parte do nosso projeto de medida em que cobrirá o risco do crédito, sem ônus e sem a possibilidade de criação de um rombo mais adiante", disse o presidente do sindicato, João Claudio Robusti.

Setor privado

O objetivo do fundo é estimular investimentos habitacionais de interesse social dos empreendedores imobiliários, das instituições financeiras, de companhias hipotecárias e outros. O secretário de habitação do estado, Lair Krähenbühl, informou que ele permitirá alavancar parcerias público-privadas. "Por exemplo, podemos pegar uma grande área para transformá-la num novo bairro", afirmou.

Famílias com renda salarial de até dez salários mínimos (R$ 3.800) ganharão incentivos para a compra da casa própria, já que o Governo de São Paulo estimulará o crédito.

Como em um ciclo, o governo pretende, com as novas medidas, diminuir o risco de inadimplência, o que aumentaria a oferta de crédito e reduziria a taxa de juros. Quem sai ganhando é o comprador, que paga mais barato para realizar o sonho de ter um imóvel próprio.

Legislação

A lei que cria o fundo, que será regulamentada em 90 dias, foi elaborada com o propósito de incentivar o acesso de imóveis à população de baixa renda. Ela passou por sanção da Alesp (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo) e do governador José Serra. A nova norma prevê também a criação de um Conselho Estadual de Habitação, do Fundo Paulista de Habitação de Interesse Social (FPHIS) e do próprio Fundo Garantidor Habitacional.

Fonte: InfoMoney

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Show do BILHÃO - Casas Bahia

Show do BILHÃO

À frente de uma verdadeira máquina de fazer dinheiro - as 565 lojas das Casas Bahia (94 delas na cidade) -, o empresário Michael Klein consolida com faturamento anual de 12,5 bilhões de reais o império do varejo iniciado 55 anos atrás por seu pai

Por Alvaro Leme

Digamos que você leve quinze minutos para ler esta reportagem. Acredita que, ao final de sua leitura, o simpático cinqüentão que ilustra estas e as próximas páginas terá faturado a bolada de 360 000 reais brutos? Quer dizer, não ele propriamente, mas a empresa que comanda, as Casas Bahia, locomotiva cujo velocímetro de vendas, impulsionado por um exército de 57.000 funcionários e 565 lojas - 94 delas na cidade de São Paulo -, gira na média de 24000 reais por minuto. Um ritmo frenético que, à primeira vista, parece nada ter a ver com o condutor dessa máquina, um homem de poucas e pausadas palavras, expressão serena e jeitão sossegado. Pura impressão. Michael Klein, 57 anos, diretor executivo da rede, chega a este fim de ano com faturamento de 12,5 bilhões de reais, dos quais 250 milhões devem ser o lucro líquido. "Gosto muito de velocidade", conta ele, dono de uma moto Harley-Davidson V-Rod VRSCA 2003 e fã também de Fórmula 1. Isso quando está de folga. Nas doze horas diárias de trabalho, acelera entre um compromisso e outro a bordo de um de seus dois helicópteros Agusta ou dos aviões Cessna Sovereign, Cessna Excel e King Air. Acelera, ainda, graças aos quinze cafezinhos puros que bebe todo dia - apesar de ter pressão de 14 por 9, que controla com remédios, e uma gastrite crônica. "Se vai piorar de qualquer jeito, prefiro não abrir mão de comer o que gosto. Só não exagero."
É o que faz quando comparece a uma inauguração de loja, ocasião em que é recebido com um farto café-da-manhã. Foram cinqüenta em 2007, o mesmo número previsto para o próximo ano. No último dia 4, esteve em Tietê, a 147 quilômetros da capital, para abrir a primeira filial no município. Havia brigadeiros, bolos, sucos, sidra, pipoca e pães de queijo. Deu uma beliscadinha discreta, e só. "Se chego aos 90 quilos, fecho a boca", conta ele, com 86 quilos distribuídos em 1,75 metro de altura. Klein tem medo de ficar gordo. "Quem pesa 100 quilos logo salta para 150", acredita. Isso talvez explique as duas lipoaspirações a que se submeteu, uma há cerca de vinte anos, outra em 1999. Fora isso, jura que nunca entrou no bisturi. No esforço de manter a forma, chega a caminhar 15 quilômetros nos fins de semana. Também é fã de umas raquetadas - joga tênis como amador há sete anos. Isso quando não viaja com a mulher, Maria Alice. A cada semana um dos dois escolhe um destino diferente. Assim, semanas atrás, pegaram a estrada rumo a Criciúma, em Santa Catarina, só para sentir o vento no rosto. "Velocidade é uma válvula de escape para o Michael."
Caminhar com Michael Klein numa inauguração de loja é uma experiência, no mínimo, singular. Era de esperar que, como em qualquer visita do rei aos seus súditos, houvesse uma profusão de paparicos e adulações. E há. Mas algumas vendedoras agem como se estivessem diante de um galã de novela. "Tira foto comigo?" é, sem dúvida, a frase mais ouvida. O empresário posa ao lado de todos até as 9 horas, quando se abrem as portas para a multidão. Começa uma queima de fogos e, nas caixas de som, bomba o Tema da Vitória (aquele tã-tã-tã do piloto Ayrton Senna), enquanto a clientela caminha curiosa entre eletrodomésticos e móveis. "Mais uma missão cumprida", suspira Klein, baixinho. E ruma para... o café mais próximo. Circula, naturalmente, escoltado por seguranças à paisana.
Fora do mundo das Casas Bahia, Klein poderia passar despercebido, e adora quando consegue. É raro. Afinal, seu rosto estampa todas as notícias sobre o negócio, cujo comando divide desde 2005 com o irmão, Saul, responsável pela diretoria comercial. Prefere, por isso, não correr riscos. "Só ando em carros blindados", diz. "Tenho 42 profissionais de segurança para cuidar dos sete membros da minha família que vivem em São Paulo", conta. Preocupação compreensível para alguém que representa a maior rede de varejo nacional. Fatura o triplo do concorrente mais próximo, o Ponto Frio. A rede cresce num ritmo de 1 bilhão de reais anuais, o que é louvável. Porém, faz dois anos que o crescimento magnífico do início da década deu uma estacionada - entre 2001 e 2004, por exemplo, o faturamento anual saltou de 3,6 bilhões para 9 bilhões. Klein chegou a anunciar um plano de abrir 1000 lojas até 2010, o que não deve se concretizar. "Ainda conseguiremos, mesmo que demore um pouco", afirma. Ele aproveita para desmentir rumores surgidos no início deste mês sobre uma possível venda da empresa. "Fomos procurados inúmeras vezes e nunca quisemos vender nem abrir o capital", diz. "Isso não vai mudar agora."
Entre as armas para crescer mais, está a aposta na diversificação da clientela. Focada desde os primórdios nas classes C e D, a empresa dedica-se também aos públicos A e B, atraídos depois que a rede passou a aceitar cartões de crédito, em 2002. Nessa estratégia encaixa-se a Super Casas Bahia, megafeira atualmente em sua quinta edição, que ocupa 151600 metros quadrados do Anhembi. É um laboratório para testar novidades - de chapinha de cabelo a automóveis, 800 produtos foram lançados por lá neste ano. Recebidos por 850 vendedores (e distraídos por shows da Disney como O Rei Leão), cerca de 2 milhões de paulistanos devem desembolsar ali 100 milhões de reais até seu encerramento, na segunda (31).
Nem sempre a rede foi assim, gigante pela própria natureza. Especialmente em suas humildes raízes, plantadas 55 anos atrás pelo imigrante polonês Samuel Klein. Ex-prisioneiro de campos de concentração nazistas, ele chegou ao Brasil com 6000 dólares, dos quais 4000 serviram para dar entrada em uma casa. Com o resto do dinheiro comprou uma charrete, um cavalo e uma lista com 200 nomes de fregueses de um comerciante, judeu como ele, que queria largar a vida de mascate. Samuel passou a vender toalhas e artigos de cama para sustentar a mulher, Ana, e o primogênito, Michael, nascido na Alemanha dois anos antes, que mais tarde viria a se naturalizar brasileiro. Cinco anos depois, tinha 5.000 clientes e, com umas economias que havia juntado, comprou sua loja pioneira, em São Cae-tano do Sul, primeira cidade a abrigar a família Klein. A loja já se chamava Casa Bahia (no singular), nome escolhido por causa da grande quantidade de nordestinos que viviam nos arredores e faziam ali suas compras. Simpático e determinado, Samuel sempre foi bom de negócios, apesar de só ter estudado até a 4ª série primária. Uma história contada na família fala de um certo japonês, dono de pastelaria, cujo ponto interessava ao comerciante. A cada vez que negociava a venda, o proprietário cobrava mais caro. Irritado, Samuel comprou o imóvel em frente e passou a distribuir pastéis gratuitamente, levando o adversário à bancarrota.
Michael tinha 18 anos quando foi trabalhar nas Casas Bahia, em 1968. Ciente da tradição de que o filho mais velho tinha o dever de suceder ao pai, abriu mão do sonho de ser arquiteto para estudar administração de empresas. Acompanhou a ascensão meteórica da companhia, que na década de 80 deu duas grandes tacadas: a aquisição das 25 lojas da rede Columbia e a das 35 da Tamakavi, que pertencia ao apresentador Silvio Santos. O primeiro passo fora do mercado paulista viria em 1995, com a compra das Casas Garson, do Rio de Janeiro. Hoje o grupo atua em dez estados, num raio de 1.700 quilômetros a partir de São Paulo. "Compro por 100 e vendo por 200, por isso sou bilionário em dólar", declarou o patriarca, certa vez, para explicar o segredo de seu sucesso.
Naquela época, como na expansão que viveu na última década, parte do mérito deveu-se sem dúvida à publicidade. E olha que, trinta anos atrás, Samuel Klein dizia não precisar de propaganda. Convencido por um funcionário, passou a dedicar 3% do faturamento anual às campanhas. Nasceram, assim, o Baianinho, símbolo da empresa, e o slogan "Dedicação total a você". A porcentagem é a mesma até hoje, mas, como as cifras publicitárias cresceram exponencialmente, estima-se que uns 375 milhões de reais sejam destinados para os 3.864 comerciais e 15.000 anúncios em jornais e revistas, que às vezes recebem alguns dos 180 milhões de encartes produzidos por ano. A agência Young & Rubicam, que há seis anos cuida da conta da rede, montou uma filial dentro da sede da empresa, em São Caetano, onde dão expediente 116 funcionários. Se um móvel anunciado na véspera vender pouco até meio-dia, a equipe se mobiliza para rodar comerciais de outro tipo de produto. Cada número é monitorado, em tempo real, do computador de Klein.
Tanta mídia acaba interessando até aos fornecedores. "Alguns produtos nossos acabam divulgados na carona dos anúncios das Casas Bahia", afirma Eugênio Staub, presidente do conselho de administração da Gradiente. Em sua avaliação, além de competentes, os Klein são negociantes cautelosos. "Se surge um produto moderno demais, hesitam em apostar." Foi assim, segundo ele, com os celulares. Em 1998, Staub apresentou Roberto Peón, então presidente da BCP (atual Claro), a Michael. "Só depois desse encontro ele viu o potencial dos pré-pagos", lembra Staub. Em 2007, a rede vendeu mais de 3 milhões de aparelhos.
A conta bancária polpuda, aparentemente, nunca subiu à cabeça dos Klein. É comum ouvir relatos de que tratam com a mesma atenção da cozinheira à dona da casa. Os tempos duros que Samuel atravessou parecem ter marcado a todos. Conta-se que sua mulher, Ana, usou um mesmo sofá durante 25 anos, recorrendo a sucessivas trocas de forro. "Sou incapaz de colocar comida no prato e estragar", afirma Michael, hoje, bilhões e bilhões depois. É verdade que ele circula de avião e helicóptero. Mas diz que não é luxo, e sim necessidade. "Preciso me locomover com agilidade para tocar uma rede tão grande", explica. Grifes, garante, não o seduzem. "Se encontro duas camisas de qualidade igual, jamais pagarei mais caro por causa da marca." Colecionar relógios (ele não conta quantos possui) é um de seus luxos. E, veja bem, se custa mais de 4.000 reais, nada feito. "Não tenho nenhum Rolex."
Um episódio recente ilustra seu relacionamento com dinheiro. Após subir ao altar com a empresária Maria Alice Pereira, dona de uma rede de cafés (olha o café aí de novo!), embarcou para a lua-de-mel em São Petersburgo, na Rússia. Suas malas se extraviaram. Somente com a roupa do corpo, foram às compras. Quando viram que uma cueca Armani custava 120 dólares, deram meia-volta. A viagem foi uma das poucas ocasiões em que o empresário se afastou dos negócios por vinte dias. "Prefiro pequenos passeios nos feriadões", diz ele, que viaja em média dez vezes por ano. E adora trazer como suvenir canetas e bloquinhos dos hotéis em que se hospeda.
Maria Alice é sua segunda mulher. Entre 1972 e 1984, Klein foi casado com a arquiteta e decoradora Jeanete Roizman. Depois da separação, manteve a guarda dos três filhos. Conheceu a atual esposa no mundo dos negócios. Ela trabalhava no mercado financeiro e cuidava da conta das Casas Bahia. Convidou-a para jantar e, cavalheiro à moda antiga, abriu a porta do carro, ajeitou a cadeira e passou a mandar flores com freqüência. Engataram em 1997, tiveram idas e vindas, reataram em 2003. Em outubro deste ano, tornaram-se marido e mulher numa cerimônia judaica - ela se converteu. Na contramão das núpcias milionárias, o custo da festa, tendo em vista a fortuna da família, não foi considerado exorbitante (500000 reais). Quer dizer, para um Klein... "O Michael negociou com os fornecedores", diz Maria Alice. Casaram-se em regime de separação total de bens, a pedido dela. "Quis deixar claro que não tenho interesse em algo que não me pertence." Em breve, mudam-se para o novo endereço, na Vila Nova Conceição. Não sabem ainda se terão filhos. "Tudo tem sua hora", desconversa ele. Maria Alice cogita adoção. Enquanto não decidem, mimam seus dois cães (o scottish terrier Wolf e a maltesa Angel) e o casal de periquitos que criam. São, por assim dizer, legítimos pássaros do amor: foram batizados de Tchuco e Tchuca, apelidos fofos com que Li e Mike (outros nomes carinhosos deles) costumam se tratar na intimidade.
Natalie e Raphael, o caçula, acolheram Maria Alice. "Sinto alegria em ver meu pai feliz", conta Natalie. Ainda hoje faz falta nos encontros da família o irmão mais velho, Leandro, morto por um câncer aos 27 anos. "Fomos aos melhores médicos e hospitais do mundo e nada funcionou", lembra Michael, com os olhos marejados. Enquanto Natalie dedica-se a sua butique de luxo, a NK Store, Raphael atua como diretor de marketing das Casas Bahia. Foge de entrevistas do mesmo jeito que o avô. Aos 84 anos, o patriarca não quer mais papo com jornalistas. "Tudo que tinha para falar está na minha biografia", costuma dizer, referindo-se ao livro Samuel Klein e Casas Bahia: Uma Trajetória de Sucesso, de Elias Awad, atualmente na terceira edição. Uma história que, tudo indica, ainda deve ganhar várias atualizações.
Hélices, turbinas e tietagem com os vendedores
Às 5h15 da manhã, Klein vai de helicóptero de sua casa, no Itaim, até o Campo de Marte, na Zona Norte. Dali voa num de seus três aviões, o King Air , rumo a Tietê, município distante 147 quilômetros da capital. Naquele dia, a cidade ganharia sua primeira loja das Casas Bahia, com direito a comilança e a fotos dos funcionários ao lado do chefe: cinquenta inaugurações como essa em 2007
Tudo começou com cobertores e uma charrete
Sobrevivente de campos de concentração nazistas, o imigrante polonês Samuel Klein começou seu negócio em 1952, quando vendia toalhas e cobertores numa charrete. Cinco anos depois, acumulou dinheiro suficiente para comprar sua primeira loja, que já se chamava Casa Bahia, em São Caetano do Sul (no alto). Em 2007, 37 milhões de produtos saíram de centros de distribuição como o de Jundiaí (acima.), a 60 quilômetros de São Paulo
É difícil imaginar parceria mais inusitada que aquela entre os personagens de O Rei Leão (no alto) e o patriarca dos Klein, Samuel (acima), hoje com 84 anos. Eles não estiveram juntos em cena, lógico. Mas os shows da Disney foram mais uma boa sacada da empresa para atrair clientela
Ídolo dos filhos
Arquivo pessoal
Com a mulher e os filhos Raphael e Natalie, num raro clique autorizado de todos juntos: "Não é que eu ame, eu idolatro meu pai", diz Natalie
Quer pagar quanto?
As Casas Bahia em números
12,5 bilhões de reais é o faturamento previsto para 2007
250 milhões de reais é o lucro líquido
7 milhões de reais por mês é o faturamento da maior loja paulistana, na Praça Ramos de Azevedo
50% dos pagamentos são feitos com carnê e
40% com cartões de crédito
57.518 funcionários, dos quais
7.953 são paulistanos
16.800 vendedores, cujo salário médio é de 1.750 reais
26,3 milhões de clientes cadastrados
5 milhões de clientes paulistanos
2.254 caminhões próprios com tração nas quatro rodas para subir até em favelas
908.000 entregas mensais
O que mais vendeu em 2007*
918.000 copas/cozinhas,
657.000 celulares pré-pagos,
500.000 móveis para quarto,
410.000 colchões e 345.000 televisores
*de janeiro a novembro, em São Paulo
Revista Veja S.Paulo - Matéria de Capa - 29/12/2007 - Págs. 18 a 25

Data de publicação: 31/12/2007
Fonte: Veja São Paulo

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Casas Bahia vão vender pela internet a partir de 2008


Casas Bahia vão vender pela internet a partir de 2008

As Casas Bahia vão começar a vender produtos pela internet a partir do ano que vem, revelou ontem o diretor-executivo da maior rede de varejo do País, Michael Klein. A reformulação da página eletrônica da rede está vinculada ao crescimento da base de clientes de cartão de crédito com a bandeira da empresa.
Atualmente, são 2,5 milhões, mas o investimento nas vendas online só será concretizado quando esse grupo atingir 4 milhões. "Nós primeiro temos de preparar a base para que possamos ter, no ano que vem, internet e público com cartão de crédito para fazer as compras. E também vender muitos computadores", afirmou Klein, durante a inauguração do novo centro de distribuição de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A empresa não informa em números absolutos o total de computadores vendidos, mas nos primeiros quatro meses deste ano a venda na rede cresceu 170% em relação ao mesmo período de 2006.

Klein diz que as Casas Bahia contam com 26 milhões de clientes com crediário, mas apenas 10% deles têm cartão de crédito com bandeira da empresa, lançado há um ano e meio. Klein estima que são emitidos 10 mil cartões por dia, o que torna a rede de varejo, segundo ele, a maior emissora de cartões de crédito do País. A taxa de inadimplência nas vendas do crediário está entre 10% e 11%.

"Se alguém me perguntasse há dois anos se as Casas Bahia, com 500 mil clientes com cartão de crédito, deveriam vender pela Internet, diria que sim. Mas é melhor entrar atrasado do que não entrar", diz o especialista em varejo Nelson Barrizelli, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). Algumas das principais concorrentes das Casas Bahia, como Lojas Americanas, Magazine Luiza e Ponto Frio, já vendem pela web.

O especialista estima que as vendas pela internet respondem por cerca de 5% das vendas totais do varejo. Em alguns nichos específicos, como o de produtos eletroeletrônicos, Barrizzeli diz que a porcentagem é maior. Para Barrizzeli, a entrada das Casas Bahia no comércio virtual vai movimentar não só as vendas de produtos eletroeletrônicos, como mexer com o mercado da Internet em geral e acirrar a competição.

Hoje, a página da Internet das Casas Bahia apresenta informações da empresa, endereços de lojas e procedimentos para adquirir o cartão de crédito. Mas o usuário deve procurar a central de atendimento, por telefone, se quiser fazer uma compra. A entrada das Casas Bahia no comércio virtual traz enormes desafios para a rede.

Atualmente, os produtos pequenos - como DVDs - são retirados diretamente pelos clientes das lojas. Ao vender essas mercadorias pela Internet, a rede teria de criar uma enorme estrutura de distribuição, proporcional ao número de clientes e a quantidade de vendas. No ano passado, as mais de 500 lojas das Casas Bahia faturaram R$ 11,5 bilhões. Pelas contas de Klein, antes de a venda de computadores explodir no Brasil, o movimento de um site de vendas seria o equivalente a duas lojas físicas e não valeria o investimento em logística. Agora, porém, está se formando uma enorme massa de consumidores com potencial de comprar pela internet.